Maxiprocessos criminais, corrupção e mídia: uma análise a partir da operação lava jato

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22197/rbdpp.v6i3.385

Palavras-chave:

Maxiprocessos, Corrupção, Mídia, Operação Lava Jato, Direitos Fundamentais.

Resumo

O estudo possui como objetivo compreender em que medida os maxiprocessos, dos quais a Operação Lava Jato é uma referência paradigmática, e os meios de comunicação de massa contribuíram para a transformação do processo penal no Brasil. Desde o método dialético e de uma perspectiva transdisciplinar que assume os aportes teóricos da criminologia crítica, o trabalho será orientado pela seguinte questão: de que forma a articulação entre a Operação Lava Jato e a narrativa jornalística hegemônica sobre a corrupção contribuiu para a ressignificação dos elementos estruturantes do processo penal? A investigação assume como hipótese que a construção simbólica da realidade pela mídia e a ascensão da Lava Jato promoveram a mutação das fontes de legitimação do processo penal brasileiro, cristalizando a crença de que o controle eficiente do crime requer a expansão do poder punitivo e a introdução de novos métodos processuais que restrinjam os direitos e garantias fundamentais, como é o caso da colaboração premiada e de outros institutos vinculados à justiça negocial.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Raphael Boldt, Faculdade de Direito de Vitória (FDV/ES), Vitória/ES
    Pós-Doutorado em Criminologia pela Universität Hamburg (bolsa DAAD). Doutor e Mestre em Direitos e Garantias Fundamentais pela Faculdade de Direito de Vitória (FDV). Estágio doutoral na Johann Wolfgang-Goethe Universität/Frankfurt am Main (2015). Pesquisador visitante junto ao Instiuto Max-Planck de História do Direito Europeu. Professor nos cursos de Graduação e Pós-Graduação da FDV. Advogado.

Referências

ADEODATO, João Maurício. A retórica constitucional (sobre tolerância, direitos humanos e outros fundamentos éticos do direito positivo). São Paulo: Saraiva, 2010.

ALEXANDER, Michelle. A nova segregação: racismo e encarceramento em massa. São Paulo: Boitempo, 2017.

ANDRADE, Vera Regina Pereira de. A ilusão da segurança jurídica: do controle da violência à violência do controle penal. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2003.

BACIGALUPO, Enrique. Derecho Penal Económico. Buenos Aires: Editorial Hamurabi, 2005.

BECKER, Gary S. The Economic Approach to Human Behavior. Chicago: The University of Chicago Press, 1976.

BOLDT, Raphael. Criminologia midiática: do discurso punitivo à corrosão simbólica do garantismo. Curitiba: Juruá, 2013.

BOLDT, Raphael. Processo penal e catástrofe: entre as ilusões da razão punitiva e as imagens utópicas abolicionistas. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.

CASARA. Rubens. Estado pós-democrático: neo-obscurantismo e gestão dos indesejáveis. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

CASARA, Rubens. Mitologia processual penal. São Paulo: Saraiva, 2015.

DIETER, Maurício Stegemann. Política criminal atuarial: a criminologia do fim da história. Rio de Janeiro: Revan, 2013.

FERRAJOLI, Luigi. Direito e Razão: teoria do garantismo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002.

FOUCAULT, Michel. A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau Editora, 1999.

GLOECKNER, Ricardo Jacobsen. Processo penal pós-acusatório? Ressignificações do autoritarismo no processo penal. Revista EMERJ, Rio de Janeiro, v. 18, n. 67, jan - fev. 2015, p. 378-408.

GRECO, Luís; TEIXEIRA, Adriano. Aproximação a uma teoria da corrupção. In: LEITE, Alaor; TEIXEIRA, Adriano (Org.). Crime e política: corrupção, financiamento irregular de partidos políticos, caixa dois eleitoral e enriquecimento ilícito. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2017.

INGRAO, Christian. Crer e destruir: os intelectuais na máquina de guerra da SS nazista. Rio de Janeiro: Zahar, 2015.

JANICH, Peter. Was ist Wahrheit? Eine philosophische Einführung. München: Beck, 2000.

JEWKES, Yvonne. Media and Crime. London: Sage Publications, 2004.

LANGER, Máximo. Dos transplantes jurídicos às traduções jurídicas: a globalização do plea bargaining e a tese da americanização do processo penal. DELICTAE: Revista de Estudos Interdisciplinares sobre o Delito, Belo Horizonte, v. 2, n. 3, p. 19-114., 2017. https://doi.org/10.24861/2526-5180.v2i3.41

LOPES JR., Aury. Prefácio. In: VASCONCELLOS, Vinicius Gomes de. Barganha e justiça criminal negocial: análise das tendências de expansão dos espaços de consenso no processo penal brasileiro. Belo Horizonte: D’Plácido, 2018, p. 14.

MALAN, Diogo. Megaprocessos criminais e direito de defesa. Revista Brasileira de Ciências Criminais, vol. 159, Set. 2019, p. 45 – 67.

MATHIESEN, Thomas. The viewer society: Michel Foucault’s ‘Panopticon’ revisited. In: Theoretical Criminology. London: SAGE Publications, 1997. https://doi.org/10.1177/1362480697001002003

MOURA, Maria Thereza De Assis. BOTTINI, Pierpaolo Cruz. Colaboração premiada. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.

NEULING, Christian-Alexander. Inquisition durch Information: Medienöffentliche Strafrechtspflege im nichtöffentlichen Ermittlungsverfahren. Beiträge zum Informationsrecht, Band 13. Berlin: Duncker & Humblot, 2005.

NIETZSCHE, Friedrich. Genealogia da moral: uma polêmica. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

PETEGORSKY, Michael Nasser. Plea Bargaining in the dak: the duty to disclosure exculpatory Brady evidence during plea bargain. Fordham Law Review, Nova York, volume 81, n. 6, p. 3599-3650, 2013.

PRADO, Geraldo. Prova Penal e Sistema de Controles Epistêmicos: a quebra da cadeia de custódia das provas obtidas por métodos ocultos. São Paulo: Marcial Pons, 2014.

RITSERT, Jürgen. Themen und Thesen kritischer Gesellschaftstheorie: Ein Kompendium. Weinheim und Basel: Beltz Juventa, 2014.

RODRÍGUEZ, Víctor Gabriel. Delação premiada: limites éticos ao Estado. Rio de Janeiro: Forense, 2018.

SANTORO, Antonio Eduardo Ramires; TAVARES, Natália Lucero Frias. Lawfare brasileiro. Belo Horizonte: Editora D’Plácido, 2019.

SANTORO, Antonio E. R. A imbricação entre maxiprocessos e colaboração premiada: o deslocamento do centro informativo para a fase investigatória na Operação Lava Jato. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, vol. 6, n. 1, p. 81-116, jan./abr. 2020. https://doi.org/10.22197/rbdpp.v6i1.333

SCHEERER, Sebastian. Desvantagens e utilidade da criminologia crítica nos tempos de terrorismo. In: AMBOS, Kai; BÖHM, María Laura. (org.). Desenvolvimentos atuais das ciências criminais na Alemanha. Brasília: Gazeta Jurídica, 2013.

SCHMIDT, Andrei Zenkner. Direito penal econômico: parte geral. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2015.

SCHÜNEMANN, Bernd. Estudos de direito penal, direito processual penal e filosofia do direito. GRECO, Luís (Coord.) São Paulo: Marcial Pons, 2013.

SLOTERDIJK, Peter. Crítica da razão cínica. São Paulo: Estação Liberdade, 2012.

SUTHERLAND, Edwin H. White collar crime — the uncut version. New Haven: Yale University Press, 1983.

TIEDEMANN, Klaus. Manual de Derecho Penal Económico: Parte General y Especial. Valencia: Tirant lo Blanch, 2010.

VASCONCELLOS, Vinicius Gomes de; MOELLER, Uriel. Acordos no processo penal alemão: descrição do avanço da barganha da informalidade à regulamentação normativa. Boletín Mexicano de Derecho Comparado, n. 147, septiembre-diciembre de 2016, p. 13-33. https://doi.org/10.22201/iij.24484873e.2016.147.10638

VASCONCELLOS, Vinicius Gomes de. Colaboração premiada no processo penal. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2017.

VASCONCELLOS, Vinicius Gomes de. Barganha e justiça criminal negocial: análise das tendências de expansão dos espaços de consenso no processo penal brasileiro. Belo Horizonte: D’Plácido, 2018.

WUNDERLICH, Alexandre. Justiça negocial e o vazio do projeto anticrime. Boletim IBCCRIM, São Paulo, v. 27, n. 318, p. 6-8, 2019.

ZAFFARONI, Eugenio Raul. Doutrina penal nazista: a Dogmática Penal Alemã entre 1933 a 1945. Florianópolis: Tirant lo Blanch, 2019.

ZAFFARONI, Eugenio Raul. Em busca das penas perdidas: a perda de legitimidade do sistema penal. Rio de Janeiro: Revan, 2001.

ZIZEK, Slavoj. Eles não sabem o que fazem: o sublime objeto da ideologia. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1990.

Downloads

Publicado

27.10.2020

Edição

Seção

DOSSIÊ: A persecução da corrupção como instrumento de luta política

Como Citar

Boldt, R. (2020). Maxiprocessos criminais, corrupção e mídia: uma análise a partir da operação lava jato. Revista Brasileira De Direito Processual Penal, 6(3), 1209-1237. https://doi.org/10.22197/rbdpp.v6i3.385

Artigos Semelhantes

1-10 de 153

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.