Discursos sobre a corrupção nas votações do Supremo Tribunal Federal (2015-2017)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22197/rbdpp.v6i3.432

Palavras-chave:

corrupção, Supremo Tribunal Federal, Mensalão, Lava Jato.

Resumo

Este artigo analisa os discursos sobre a corrupção nas votações do Supremo Tribunal Federal, entre os anos de 2015 e 2017. A pesquisa empírica realizada tem caráter qualitativo e utiliza técnicas de pesquisa bibliográfica e documental, por meio da coleta e análise de decisões colegiadas do Supremo, referentes ao crime de corrupção passiva. A pesquisa se orienta pelo seguinte problema: quais discursos sobre a corrupção foram mobilizados pelos ministros do Supremo Tribunal Federal nos julgamentos colegiados entre os anos de 2015 e 2017? Para posicionar estes discursos, o trabalho reflete sobre categorias centrais do pensamento social brasileiro, como “patrimonialismo”, problematizando seus usos pelos juristas. A atuação do Supremo é contextualizada a partir dos fenômenos do Mensalão e da Lava Jato e as pressões por determinados resultados exercidas sobre a Corte. As relações com a imprensa, as pressões das agências judiciais e as disputas internas são destacadas como fatores importantes para compreender as decisões. 

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Biografia do Autor

  • Daniel Fonseca Fernandes, Centro Universitário Jorge Amado – Salvador/BA, Brasil

    Mestre em Direito pela UFBA. Professor de Direito Penal e Processo Penal na UNIJORGE. Membro do Grupo Clandestino de Estudos em Controle, Cidade e Prisões. Membro do NESP/UFBA. Membro do IBADPP. Advogado.

  • Tainan Bulhões Santana, Universidade Federal da Bahia (UFBA)
    Pós-graduando em Ciências Criminais pela UCSAL. Bacharel em Direito pela UFBA. Bacharel em Humanidades pela UFBA. Advogado.

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Publicado

27.10.2020

Edição

Seção

DOSSIÊ: A persecução da corrupção como instrumento de luta política

Como Citar

Fernandes, D. F., & Santana, T. B. (2020). Discursos sobre a corrupção nas votações do Supremo Tribunal Federal (2015-2017). Revista Brasileira De Direito Processual Penal, 6(3), 1345-1387. https://doi.org/10.22197/rbdpp.v6i3.432