A titularidade do direito à não autoincriminação pelas pessoas coletivas em processo penal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22197/rbdpp.v10i1.934

Palavras-chave:

Autoincriminação, Pessoas Coletivas, Processo Penal

Resumo

O direito à não autoincriminação desempenha um papel essencial na construção de um processo penal de matriz acusatória que legitima o jus puniendi. Com a ascensão de modelos de responsabilidade penal das pessoas coletivas em diversas jurisdições, esse direito pode ser a elas estendido? Qual seria seu alcance nessa perspetiva? Este artigo, por meio de revisão bibliográfica e método teórico dedutivo, primeiro analisa a extensão dos direitos fundamentais às entidades coletivas. Em seguida, o foco se volta especificamente ao direito à não autoincriminação, investigando seus fundamentos e natureza. Com base nisso, o artigo examina a jurisprudência relevante na União Europeia sobre o direito à não autoincriminação, identifica as principais perspetivas e divergências de sua aplicação para as pessoas coletivas para, ao fim, apresentar considerações sobre o alcance desse direito nesse contexto.

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Biografia do Autor

  • Pedro Augusto Amaral Dassan, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra

    Doutorando e Mestre em Ciências Jurídico-Criminais e Especialista em Direito Penal Econômico Internacional e Europeu pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra - Portugal. Pós-graduado em Direito Penal e Processual Penal pelo Centro Universitário Curitiba (Unicuritiba) e pós-graduado em Direito e Processo Tributário Empresarial pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Advogado criminalista. 

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Publicado

27.03.2024

Edição

Seção

Fundamentos de Direito Processual Penal

Como Citar

Dassan, P. A. A. (2024). A titularidade do direito à não autoincriminação pelas pessoas coletivas em processo penal. Revista Brasileira De Direito Processual Penal, 10(1). https://doi.org/10.22197/rbdpp.v10i1.934