A iniciativa do magistrado para produção de provas no processo penal brasileiro conforme um olhar foucaultiano

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22197/rbdpp.v6i2.280

Palavras-chave:

Michel Foucault, Princípio da verdade real, Direitos e garantias fundamentais, Direito Processual Penal, Iniciativa probatória do magistrado.

Resumo

O presente trabalho consiste em um estudo da construção do princípio da verdade real no processo penal brasileiro e suas implicações quanto a legitimidade ativa do magistrado na produção probatória, mediante o marco teórico das práticas sociais e do controle do discurso foucaultiano. A problemática da pesquisa surgiu com a constatação de que, após a promulgação da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, o atual Código de Processo Penal não passou por significativas reformas, persistindo as normas que dispõem sobre os poderes probatórios do juiz na persecução penal. O método utilizado é o indutivo. Por fim, tem-se que, a partir de um olhar foucaultiano, na realidade o discurso da busca por uma verdade real é uma estratégia conveniente às instituições que detêm a jurisdição penal, pois representa interesses escusos aos das partes e às finalidades das garantias e direitos fundamentais insculpidos na Constituição Federal de 1988.

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Biografia do Autor

  • Alexandre Ribas de Paulo, Universidade Estadual de Maringá (UEM)
    Graduado em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); Mestre e Doutor em Direito pelo Programa de Pós-Graduação em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (PPGD/UFSC), na área de Direito, Estado e Sociedade. Realizou Estágio de Pós-Doutorado em Direito, Política e Sociedade pelo PPGD/UFSC. Atualmente é Professor Adjunto TIDE na Universidade Estadual de Maringá (UEM), lotado no Departamento de Direito Privado e Processual (DPP), lecionando a matéria de Direito Processual Penal II. Pesquisador do Ius Commune(Grupo de Pesquisa Interinstitucional em História da Cultura Jurídica - CNPq/UFSC), com ênfase em experiências jurídico-penais medievais e, também, do Grupo de Pesquisa intitulado "Problemas fundamentais do Direito Penal contemporâneo" (UEM). Coordenador do projeto de ensino "Grupo de Investigação sobre Punição (GIP)" e do projeto de extensão "Grupo de Diálogo Universidade-Cárcere-Comunidade (GDUCC)", ambos da UEM.
  • Valine Castaldelli Silva, Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) – Florianópolis/SC, Brasil
    Bacharel em Direito da Universidade Estadual de Maringá (2009-2013). Especialista em Ciências Penais pela mesma universidade (2014-2015). Mestre em Ciências Jurídicas pela Unicesumar (2016-2017). Doutoranda (2018) em Direito Internacional, Econômico e Comércio Sustentável pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Pesquisadora vinculada do Grupo de Pesquisa Ius Gentiumda UFSC. Docente na UNINGÁ.
  • Gabriel Orsini Maziero
    Bacharel em Direito pela Universidade Estadual de Maringá (2014-2018). Pós-graduando em Direito Processual Penal Lato Sensupela Faculdade IBMEC São Paulo (2019).

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Publicado

27.06.2020

Edição

Seção

Teoria da Prova Penal

Como Citar

Ribas de Paulo, A., Castaldelli Silva, V., & Orsini Maziero, G. (2020). A iniciativa do magistrado para produção de provas no processo penal brasileiro conforme um olhar foucaultiano. Revista Brasileira De Direito Processual Penal, 6(2), 995-1024. https://doi.org/10.22197/rbdpp.v6i2.280